Brasil começa a monitorar com mais rigor alimentos vindos do Japão
A importação deve acontecer apenas com a declaração da autoridade sanitária japonesa A partir desta sexta-feira (1º) o Brasil passa a ser mais rigoroso na entrada dos alimentos importados do Japão. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou na edição de hoje do Diário Oficial da União que a entrada de alimentos japoneses passa a ser condicionada à apresentação de declaração das autoridades sanitárias do Japão de que os produtos não contêm níveis de radiação acima dos limites permitidos.
A regra vale para a importação de “toda e qualquer matéria-prima e de produto alimentício acabado, semielaborado ou a granel”.
O texto do Diário Oficial informa que a declaração “deve atestar que os níveis de radiação dionuclídeos (iodo-131, césio-134 e césio-137) nas matérias-primas e produtos alimentícios estão de acordo com os limites estabelecidos pelo Codex Alimentarius [fórum internacional de normalização sobre alimentos]”.
Uma nota técnica divulgada nesta quinta-feira (31) pela Anvisa e pelo Ministério da Agricultura informa sobre “monitoramento aleatório de amostras de produtos alimentícios que chegam ao Brasil”.
A coleta de amostras é de responsabilidade da Anvisa ou do Ministério da Agricultura, de acordo com as competências legais de cada órgão, e encaminhadas ao IRD (Instituto da Radioproteção e Dosimetria) ou ao Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), da Comissão Nacional de Energia Nuclear, para análise.
O governo brasileiro intensificará, também, a fiscalização de voos vindos do Japão para garantir que viajantes não ingressem no país trazendo alimentos provenientes daquele território japonês. Avisos sonoros nas aeronaves e nas salas de espera dos aeroportos reforçarão a orientação aos passageiros.
Segundo as autoridades brasileiras, as medidas de controle anunciadas têm caráter preventivo.
Dados
Em relação à concentração de elementos radioativos em alimentos, os dados divulgados pelas autoridades japonesas indicam que, de um total de 669 amostras de alimentos analisadas até esta quinta-feira (31), 124 amostras apresentaram níveis de concentração de elementos radioativos acima dos limites estabelecidos pelas autoridades japonesas para consumo humano.
Amostras de leite e vários tipos de vegetais, carne, ovos e peixe de 13 prefeituras japonesas foram analisadas. Entre elas, foram identificados níveis superiores aos limites estabelecidos pelas autoridades japonesas em amostras de diferentes vegetais e leite nas prefeituras de Chiba, Fukushima, Gunma, Ibaraki, Tochigi e Tokyo.
As autoridades japonesas informam ainda ter monitorado um total de 91.768 pessoas. Em somente 98 delas foram detectados valores de contaminação acima dos limites estabelecidos. Mesmo nesses casos, ficaram abaixo do limite após a troca das roupas. Um fator que contribuiu para este baixo percentual foi a retirada preventiva das pessoas, que foi efetuada pelas autoridades japonesas antes do agravamento da situação.
Não existem voos diretos do Japão para o Brasil e, em algumas escalas, já está sendo realizado o monitoramento de passageiros vindos do Japão. Até esta quinta-feira, não há informação sobre pessoas que tenham apresentado contaminação relevante nessas viagens.